Monstros

7 Relatos de vampiros

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Você pensava que só na Transilvânia existem vampiros? Então pode tirar o seu pescocinho da chuva, pois aqui mesmo, em nossas terras tupiniquins, correm rumores de que essas criaturas estariam presentes, sim, se esgueirando pelas sombras. Verdade ou papo furado, não estou aqui pra julgar, só pra postar. Existem diversas testemunhas que juram de pé junto que é real. Como semana passada publiquei relatos sobre lobisomens, então por que não vampiros? Confira!


07. O vampiro que trabalhava pro meu pai
Maria de Lurdes, São Paulo - SP
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Olá, sou Maria de Lurdes, moro em São Paulo e mandei esse relato pois as pessoas precisam saber o que vivenciei na minha infância, pois a maioria não acredita, mas os vampiros existem e são reais.

Eu morava numa fazenda no interior de SP com meu pai e ele criava gado e outros bichos, mas sua fortuna vinha principalmente do gado. Lembro de um cara estranho que se chamava Josué, ele era caladão, na dele  e os olhos dele tinha uma cor bem clara e sua pele bem pálida. O tempo passou, e ele começou a ser convidado a entrar em nossa casa para tomar alguma bebida com meu pai. Os dois bebiam mas ele nunca ficava tonto.

Em um certo dia, surgiu uma noticia no jornal local em que uma pessoa tinha sido atacada por algum animal que deixou marcas no pescoço da vítima e bebeu todo seu sangue. Achamos curioso, pois qual animal deixaria marcas no pescoço e beberia o sangue todo de um humano?
Ficou a dúvida, dai aquela noticia saiu de nossas mentes e numa noite, resolvi sair para pegar um ar na varanda. Era cedo e todos ainda estavam acordados e meu pai pediu para eu chamar o Josué, para ele lhe dar umas botinas de couro, para assim ele trabalhar protegido de cobras. Eu fui, só que não gritei, cheguei de surpresa e vi aquele homem com o corpo de uma jovem nua em suas mãos e ele mordendo o pescoço dela, sugando seu sangue. Ele me olhou, seus olhos claros estavam brilhando iguais aos de gatos e ele rosnou quando me viu, e eu sai correndo gritando. Ele veio numa velocidade fora do normal e apareceu em minha frente e disse "Eu preciso me alimentar, por isso mato desconhecidos, Mas meu segredo precisa ser mantido, vou ter que matar você".
Eu tinha um crucifixo no pescoço, me dei conta de que ele era um vampiro e tirei a cruz pra fora da minha blusa. Ele viu e não conseguia olhar, eu corri e ele sumiu na floresta. Falei com meu pai, ele chamou alguns amigos e o delegado da época. Eles foram no local e encontraram a garota morta. Este homem foi procurado durante anos, mas nunca mais foi achado.
Ninguém acreditou que ele fosse um vampiro, dizem que era só um doente, mas eu vi aqueles olhos, os dentes e vi aquele homem se mover numa rapidez tão anormal que só vi o vulto e ele aparecer na minha frente. Já contei para meus filhos e netos e sou chamada de louca por eles, mas eu sei que foi real e sou bem lúcida. Acredite quem quiser, não estou aqui para provar nada, apenas para relatar uma fase de minha vida.


06. As criaturas da noite
Vagner Cardoso, Campinas - SP
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Isto aconteceu mais ou menos em 1969. Havia um vizinho meu que era muito estranho, diziam que ele se chamava José Goé, tinha mais ou menos uns 97 anos. Tinha dois filhos que eram muito estranhos também e nunca saia de casa para nada, inclusive não sei o que comiam, pois não iam na padaria.
A única vez que os vi, os 3 estavam saindo de casa uma madrugada às 3:30 horas. Eu estava chegando da noite e por acaso encontrei as figuras horripilantes. — no bairro eu conto, mas eles duvidam de mim — Estavam com a boca suja de sangue e os olhos arregalados, como se fossem verdadeiros zumbis. Não parei o carro e continuei seguindo em alta velocidade. Fiquei desnorteado ao ver aquilo e corri em direção a um posto policial que ficava mais ou menos a uns 3 Km do local.
Em uma certa travessa, parei para fazer o cruzamento de uma avenida, quando os 3 apareceram ao lado do meu carro, no vidro (Já estava longe deles. Como chegaram até lá?!). Aí sim enxerguei de perto, não podia acreditar no que via. Tinham presas iguais a de lobos, as quais deviam estar sedentas para sugar minha artéria. Disparei em alta velocidade e continuei o trajeto sem parar em lugar algum.
Quando cheguei no posto policial só havia um guarda que me informou que haviam acabado de receber um chamado muito estranho, que tinham encontrado um rapaz morto sem nenhuma gota de sangue em seu corpo e que estava até transparente. Contei o fato que tinha acontecido comigo e ele hesitou em acreditar. Me acompanhou até minha casa e mostrei a casa do vizinho.

No outro dia, foram fazer uma vistoria na casa e para minha surpresa e a de vocês, não havia ninguém e muito menos móveis e nem vestígios de que passou alguém por ali há muito tempo.
Quem seriam as terríveis criaturas com quem me deparei?


05. Vampiro em Cuesta de Botucatu
Leo
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Tenho um jipe 72 no qual desfruto de trilhas diante a natureza. Moro em Bauru(interior de São Paulo) aonde eu curso odontologia. Nunca joguei, nem tinha conhecimento de RPG, por isso não sou um jogador fanático tentando fazer mala pra vocês.

Estava à uns 40 minutos de Botucatu aonde tem uma trilha Cuesta de Botucatu. Mata serrada, resolvi desviar-me do grupo que não era muito grande (apenas 2 jipes). Por volta de 22:00, eu comecei a perceber movimentações estranhas não muito longe de nós. Armado de uma espada katana, a qual carrego no jipe e meu parceiro de uma espingarda carabina, fomos ao encontro do barulho desconhecido.
Seguindo a pé, sem luz e em mata fechada, era como se tivesse alguma coisa nos guiando, nos caçando, tipo cercando. Dava a impressão de estar sendo levado para uma armadilha. Foi quando chegamos perto de tipo aquelas coisas que tem em cemitério, tipo uma casinha coberta com trepadeiras que cheirava a velório; foi quando meu amigo apontou a carabina pra uma pessoa suja, a qual estava no chão com um saco de plástico na mão, aonde tinha carne crua, pedaços de carne vermelha que ele punha na boca enquanto o interrogávamos (‘o que ele estava fazendo ali?’, etc.).
Pedaços que sangravam muito conforme ele falava e parecia que ele gostava mais ainda quando escorria pelo canto da boca. Foi então que pelo rádio da motorola, aqueles Spirit (rádio manual de polícia) de longo alcance, recebemos o chamado do outro jipe, para que voltássemos o mais rápido possível, que um dos amigos poderia ter sofrido um acidente, porque caiu dentro de um poço enquanto reconhecia terreno a pé. Mediante este fato, não viramos de costas para o cidadão sujo em momento algum. Caminhávamos de volta com os olhos colados nele, até quando a visão alcançou. De repente houveram varias gargalhadas, como se houvessem umas 5 pessoas ao nosso redor e saíram todos correndo, fazendo aquela algazarra pelo mato.

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04. O tesouro do vampiro
Roberto
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Vou te contar sobre um caso sério que aconteceu na rodovia dos bandeirantes. Eu sou praticante de artes marciais convicto, e há pouco tempo eu pratiquei uma arte marcial que tem influência dos monges yamabushis que tinham como religião o budismo oculto (que quase ninguém conhece). Meu ex-mestre é um cara extremamente sinistro no sentido literal, e certa vez eu o perguntei sobre vampiros. Eu lhe perguntei:
– Aí, mestre, vampiros existem “mermo” ou tu tá de sacanagem?
E ele respondeu:
– Existem, só que eles atacam mais no sapatinho... Não são tão sinistros assim.
E ele me contou a historia do seu amigo que certa vez estava em um bar e surgiu um assunto a respeito de um suposto tesouro espanhol enterrado na rodovia dos bandeirantes, que é protegido por um vampiro (outras versões é um ET); o cara não acreditou e foi lá ver.
Passou por uma igreja conforme o planejado, até chegar em uma casa meio gótica, tomada por plantas do tipo hera sobre as paredes, janelas quebradas, e muito, mas muito velha mesmo. Quando o cara viu a casa, se aproximou com seus amigos para ver e quase morreu de susto com o que aconteceu: De lá (da casa) saiu um bicho (não tinha aparência humana não...) dentuço e forte (seus caninos eram como os de um vampiro, porém vampiros são de aparência humana, eu acho). O cara começou a atirar, porque ele já havia sido alertado desse bicho, porém não acreditava (mas se preveniu). Começou a atirar e o bicho correu atrás dele, mas ele fugiu...
Olha, a historia é longa, e digitar é um saco, mas para você não pensar "esse cara é um mentiroso", lá na rodovia tem uma favela no meio do mato, e muitas pessoas convivem com o bicho. Isso mesmo! Só que não é pacificamente não... Tem cara de mais ou menos 25 anos que mora lá que foi atacado, e tem uma cicatriz enorme nas costas... Como dito na Pedra da Gávea, para achar o bicho tem como se fosse um enigma, que são três pedras cortadas, isso aí, cortadas perfeitamente como na Pedra da Gávea!


03. A vampira de mini saia
Moisés F. Damacena. Porto Alegre - RS
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Passei minha infância ouvindo meu tio David contando e recontando uma estranha história, passada em Manaus:

Estava ele tirando férias em Manaus, quando a madrugada de 9 de novembro de 1967 foi perturbada por horríveis gritos e gemidos provindos da zona praieira do rio negro. Na mesma noite, foi encontrado nas areias brancas o cadáver de um homem. O corpo não tinha sangue e o pescoço apresentava estranhas perfurações. As prováveis testemunhas depuseram na delegacia. Umas falaram de uma "loura de vestido e meias pretas" outras disseram ter visto a tal loura "correndo seminua pela praia e transformando-se em sereia para desaparecer nas águas escuras".
Por mais incríveis que parecessem os depoimentos e apesar do descrédito geral, novas mortes se seguiram: Primeiro, uma menina de 9 anos, depois, um grupo de turistas tiveram seus pescoços dilacerados e seus corpos dessangrados. Situação terrível. E, pior, mais depoimentos sobre a deslumbrante loura circulavam.

Pressionado, o secretário de segurança de estado mandou 30 homens bem armados patrulharem as praias. Tudo se acalmou por algumas semanas até que um novo ataque aconteceu, desta vez contra os patrulheiros, com resultados assombrosos: Dos 30 homens armados, 13 confrontaram-se com a "sereia assassina"... Oito soldados morreram esquartejados, seus braços e pernas (foram encontrados) espalhados ao longo da praia. Outros quatro, muito feridos, não tinham a menor ideia do que os havia atacado... Somente um soldado, Jesuíno Menezes, conseguiu descrever uma mulher grande, de 1,90 m ou mais, muito branca, olhos felinos, vermelhos, longos cabelos louros e dentes arreganhados, limados e afiados. Estava seminua e faltava-lhe um dos seios.

Agarrado à mão de um dos soldados mortos, encontrou-se um estranho amuleto. O objeto, ainda manchado de sangue, foi levado ao museu Emílio Goeldi, deixando perplexos os estudiosos. Segundo declararam aos jornais da época, aquele amuleto poderia ser a primeira prova concreta da existência das lendárias amazonas, as índias guerreiras que habitavam o rio de mesmo nome, assim batizado em homenagem às mitológicas mulheres guerreiras da antiga Grécia. Contudo nunca mais se repetiram aqueles crimes nas praias de Manaus.


02. Eu vi um vampiro
Bruna
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Olá gente, meu nome é Bruna, eu tenho 23 anos e estou aqui para contar o que aconteceu comigo 9 anos atrás!

Eu tinha acabado de completar 14 anos quando minha vó me levou a uma fazenda de um velho amigo dela que conheci naquele dia, pois ele estava bem distante e  minha vó não o via  há 10 anos! Ele tinha um neto também, se chamava Rafael e tinha na época 16 anos. Quando chegamos eu e minha vó na fazenda, fomos recebidas com abraços de seu Manuel. Rafael ficou olhando de longe, com uma postura séria, foi quando seu Emanuel gritou ele: RAFAEL venha cumprimentar nossas visitantes e larga de ser mal educado! Essa senhora te pegou no colo!
Rafael foi lá, beijou a mão da minha vó Sandra e beijou a minha! Nós nos encantamos e acabou pintando um clima! Minha vó e seu Emanuel entraram, Rafael pediu pra darmos uma volta na mata que tinha por lá, até encontrar a cachoeira onde conversaríamos horas e horas. Alcançamos a trilha e chegamos na cachoeira. Ficamos ali falando sobre tudo! Coisas de adolescentes, e pintou um clima novamente. Nós nos beijamos e saímos dali de mãos dadas e contentes de ter dado o primeiro beijo!

Na volta já estava escuro. Claro que eu sentia um pouco de medo, mas me senti segura, pois Rafael conhecia aquilo ali como ninguém. Nós começamos a ouvir ruídos, sons de animal e eu logo me assustei e parei. Rafael sussurrou que nunca tivera visto nenhum animal por ali, tentando me acalmar é claro. Eu esperava tudo, onça. cobra. tigre e até leão, mas aquilo chegou  a ser pior do que tudo que citei!
Num ponto que chegamos, avistamos entre algumas arvores um bicho. Era feito um homem, mas era todo peludo, tinha dentes de vampiro e olhos comuns, nariz torcido, orelhas pontudas e grandes! Entrei em pânico, não me mexi, não me movi, só ficamos observando!
A criatura degolava um bode que estava no chão já inconsciente. Chupava o sangue do pobre coitado,  não sei como se chama aquilo e nem sei como foi parar ali, sei lá se era chupa cabra, vampiro ou lobisomem! Provavelmente  não era lobisomem, porque a noite era sem lua; então pra min aquilo era um vampiro, não esses tipo crepúsculo com cara de gente, mas sim um bicho. Foi pavoroso!

Eu e Rafael cortamos caminho, o bicho só percebeu a nossa presença depois que já havíamos corrido! Chegando na fazenda, avisamos a minha vó e ao seu Emanuel. Dormimos lá aquela noite, mas no dia seguinte fomos embora e levamos Rafael e seu Emanuel pra casa da minha vó, no Rio de Janeiro. Ficaram lá hospedados até a guarda florestal procurar o bicho. Nada foi encontrado, então eles voltaram pra lá, depois de 2 meses em minha casa. Hoje eu e Rafael estamos casados e moramos  juntos. Até hoje não se sabe o que foi aquilo que vimos,  só sei que pode aparecer a qualquer momento!
Foi em agosto, dizem que é o mês do desgosto. Sei lá o que era, só sei que lá não volto mais!


01. A retornada
leitor anônimo, Poços de Caldas - MG
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O que eu vou relatar agora, reflete em minha vida até os dias de hoje. Eu moro atualmente em uma cidade do interior de Minas Gerais, vizinha à que ocorreu o fato que vou narrar a seguir.

Éramos em 4 amigos, sempre andávamos juntos, no recreio da escola e fora dela também. Eu, Fábio, Carlos e Júlia (nomes alterados para proteger a privacidade). Fábio sempre gostou da Júlia, mais do que como simples amigo. Eu e o Carlos percebíamos isso, menos ela. Estudávamos no mesmo colégio desde a 5ª série, passamos por muitas coisas juntos.
Foi no 3° ano, época em que a preocupação da faculdade abatia sobre nossas cabeças que o fatídico incidente ocorreu. De uma hora pra outra veio a notícia como uma bomba: Júlia havia falecido.

Todos nós ficamos extremamente maus. Quando ouvíamos o pessoal comentar na escola sobre o acidente, ficava pior ainda. Para Fábio, foi pior; ele parecia o mais abalado, por motivos óbvios. Ele foi se tornando fechado e cada vez mais distante de nós. Ele não lidou bem com o fato, ainda mais por não ter tido a coragem em todo esse tempo de convivência, de dizer o que realmente sentia por ela. Deve ser muito foda isso.
Lembro que pouco tempo antes dele se isolar completamente, ele comentou algo sobre Júlia ter aparecido para ele à noite, em seu quarto. Na hora eu achei que ele ou estava pirando de vez ou estava de papinho. Carlos já tentou descontrair, dizendo que era o fantasma dela com saudades.

Passados alguns meses, dezembro se aproximava, e a pressão de escolher um curso e tudo mais, deixava minha cabeça em chamas. Uma noite, após adormecer enquanto estudava em minha escrivaninha, tive um sonho com Júlia. O estranho é que nele eu estava debruçado na escrivaninha, exatamente como eu estava e ela estava de pé ao meu lado, com o exato vestido em que foi enterrada, só que meio sujo. Eu acordei com um pulo, suando, e ainda falei comigo mesmo "Déjà vu". Sensação estranha.
A janela estava aberta, meu quarto ficava no segundo andar, e uma leve brisa balançava a cortina. Um arrepio percorreu minha coluna, foi bem estranho. Eu ia comentar isso com o Carlos, mas acabou que no dia seguinte isso já parecia bobeira e deixei quieto.

Não passaram-se 5 dias e eu acordei no meio da noite, virei pro lado e tomei um susto, Júlia estava em pé, do lado da minha cama. Eu pisquei e ela estava lá ainda. Pisquei de novo, dessa vez fiquei uns 2 segundos com o olho fechado, e quando abri, havia desaparecido. Pode parecer estranho falar assim, o normal seria sentir falta da amiga, e não medo. Mas eu me cago de medo de fantasmas e coisas do tipo, apesar de nunca ter acreditado muito...
Enfim, demorou muito pra pegar no sono novamente. No dia seguinte eu estava um trapo, moído, minha cabeça latejava. Era dia de finados, então acabei decidindo chamar o Carlos pra ir comigo levar flores no túmulo da Júlia, sei lá, essa aparição estranha, vai que não era coisa de minha cabeça e fosse a alma atormentada dela querendo algo, não é? — Não esperava que fosse sangue e coisas do tipo...

Ele topou, e fomos rumo ao cemitério. Havia uma feirinha montada na frente do local, onde compramos flores. Com algum trabalho, conseguimos encontrar o túmulo de Júlia. Algo estava estranho no local, o mato não crescia em volta de seu túmulo, ao contrário dos demais. Parecia que alguém havia jogado veneno pra mato. Enfim, o mais estranho foi que logo depois de chegar, apareceu também o Fábio. Ele estava péssimo, parecia mais um cadáver assombrando o cemitério no dia de finados.
Ele deu um sorriso meio sem graça de quem havia se afastado sem dar maiores explicações e acenou com a cabeça. Ele também colocou flores. Eu e Carlos tentamos puxar papo mas sem muito sucesso. Mal conseguíamos arrancar uma frase dele. O cara parecia estar com uma doença terminal, dava até pra ver os ossos da maçã do rosto.

Aconteceu muita coisa estranha depois disso, inclusive Carlos me contou que também sonhou com a Júlia do lado de sua cama. Aquilo me fez ter um arrepio quando ouvi. Seria mesmo uma assombração ou algo do tipo? Aconteceu muita coisa, que daria pra escrever um livro, mas pra encurtar a história,  fiquei sabendo que Fábio ficou muito doente e estava no hospital, ninguém sabia dizer ao certo o que ele tinha. Eu mesmo estava começando a ficar esgotado e tinha aqueles sonhos recorrentes com a Júlia. A gota d'água foi quando acordei com uma mão gelada em minha perna e era Júlia, com a roupa mais esfarrapada ainda. Foi aterrorizante, puta que pariu, não gosto nem de lembrar.

Imediatamente fui procurar saber o que poderia ser aquilo. Pesquisei as frases "morto volta do túmulo", "ficar cansado do nada" e "não cresce mato no túmulo". Tudo parecia apontar para uma coisa: Júlia era um retornado, uma espécie de vampiro que volta da morte para atormentar os vivos e sugar suas energias vitais. Confesso que achei engraçado a ideia e um tanto ortodoxa, mas eu já tinha o bastante daquilo, eu precisava de algum ponto de partida para não acabar ficando igual o Fábio, e Carlos já estava indo pro mesmo caminho. Recorrer à minha mãe ia ser loucura, do jeito que ela é desesperada ia me mandar pro cocais.

A solução indicada pelas fontes que encontrei seria desenterrar o defunto e cravar uma estaca no seu peito ou decapitar, mas eu não teria culhões pra fazer isso, e se fosse pego, perigava ir preso. A solução que encontrei foi pregar uma cruz acima de minha janela e manter uma vasilha com sal grosso e dentes de alho perto da cama. Se foi paranoia minha ou não, não sei. Só sei que o Carlos seguiu meu exemplo e fez a mesma coisa.

Uma semana após essa medida preventiva, eu acordei no meio da noite, algo me atraía como um ímã para a janela. Quando olhei para fora, lá estava Júlia, como que levitando acima do quintal. O susto foi tanto que fechei a janela com tudo e saí correndo. Outro trauma pra carregar!
A minha salvação é que no ano seguinte me mudei de cidade para fazer faculdade. Eu não sei o que aconteceu com o Fábio, se melhorou ou piorou, só sei que ainda deixo no meu quarto o sal com alho e uma cruz. Para quem pergunta, eu digo que é superstição para espantar olho gordo. Só eu sei o real propósito da coisa. Eu e o Carlos.

Essa foi a minha experiência com o sobrenatural e espero nunca mais passar por algo do tipo.



A Hora do Espanto, Dreamworks